Metástases do Cancro

Group Leader Joana Cancela de Amorim Falcão Paredes

A metástase do cancro envolve uma série de etapas sequenciais: i) a transição epitelial-mesenquimal (EMT) de células individuais no tumor primário, que leva à sua intravasação; ii) a sobrevivência sistémica dessas células tumorais circulantes (CTCs); e, finalmente, iii) a sua capacidade de extravasar para locais distantes, onde a transição mesenquimal-epitelial (MET) potencia a sua proliferação em lesões metastáticas. Historicamente, a EMT tem sido apontada como essencial para a invasividade e disseminação de células cancerígenas. No entanto, tem-se debatido recentemente se este processo é de facto determinante para o estabelecimento da metástase. Há, inclusive, estudos que sugerem que as metástases podem originar-se diretamente de microêmbolos epiteliais derivados do tumor, que se desprendem do tumor primário, alojando-se em capilares distantes, onde iniciam o crescimento metastático. Estas observações têm vindo a abrir uma nova perspetiva na comunidade científica, segundo a qual, em cancros epiteliais, poderão existir CTCs com capacidade de adesão que conseguem colonizar tecidos distantes. De acordo com os nossos resultados e experiência, consideramos que uma adesão célula-a-célula eficiente é determinante para promover a invasão coletiva, bem como a sobrevivência de células tumorais que se destacaram da matriz, conferindo-lhes características semelhantes a células estaminais e diminuindo o seu stress oxidativo — fatores que favorecem o sucesso do processo metastático. Assim, o objetivo do grupo de investigação em Metástase do Cancro é compreender como a adesão celular está envolvida na metástase de cancros epiteliais, contribuindo para a identificação de novas estratégias para monitorizar este processo biológico complexo e inibir a sobrevivência mediada por adesão celular em células cancerígenas metastáticas, bem como os mecanismos moleculares associados. Utilizando o cancro da mama como modelo principal de estudo, a nossa investigação foca-se nas seguintes questões: De que forma as alterações na adesão celular durante os estágios iniciais da EMT impactam a plasticidade celular, a capacidade de invasão e a disseminação metastática? Como contribuem a adesão celular e as vias de sinalização por ela induzidas para a cascata invasão-metástase? Como comunicam os agregados de células tumorais com o microambiente metastático, e de que forma este diálogo dinâmico coordena e determina a capacidade de colonização?